O estado do Pará conquistou uma posição de destaque no cenário nacional como o maior produtor de cacau do Brasil, representando mais de 53% da produção total do país. Esta liderança não é apenas uma questão de volume, mas também de qualidade e sustentabilidade. A cacauicultura paraense tem se desenvolvido como um modelo de produção que alia preservação ambiental, desenvolvimento socioeconômico e inovação tecnológica, criando um novo paradigma para o agronegócio na Amazônia.
Sistema agroflorestal de cacau típico do Pará, combinando produção e preservação ambiental
Panorama Atual da Cacauicultura Paraense
O Pará lidera a produção nacional de cacau com números impressionantes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção paraense atingiu 145 mil toneladas de amêndoas na safra 2021/2022, com uma produtividade média de 977 quilos por hectare – quase o dobro da média nacional de 520 kg/ha e significativamente superior à média mundial de 550 kg/ha.

Frutos de cacau paraense em diferentes estágios de maturação
A área cultivada no estado ultrapassa 149 mil hectares, distribuídos principalmente ao longo da rodovia Transamazônica. Medicilândia destaca-se como o principal município produtor, responsável por 34,69% da produção estadual, seguido por Uruará (13%), Anapu, Brasil Novo, Placas, Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Tucumã e Pacajá.
Município | Produção (toneladas) | Percentual da produção estadual |
Medicilândia | 44.000 | 34,69% |
Uruará | 17.000 | 13,00% |
Anapu | 9.500 | 7,50% |
Brasil Novo | 8.700 | 6,85% |
Outros municípios | 65.800 | 37,96% |
A cadeia produtiva do cacau gera aproximadamente 60.980 empregos diretos e 243.920 indiretos no Pará, movimentando cerca de R$ 2 bilhões anualmente, segundo dados do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2022, divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
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Sustentabilidade na Cadeia Produtiva do Cacau
Um dos aspectos mais notáveis da cacauicultura paraense é seu compromisso com a sustentabilidade. Aproximadamente 70% do cultivo de cacau no estado é realizado em áreas anteriormente degradadas, principalmente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais (SAFs), que aliam a produção com a preservação da floresta.

Agricultor familiar colhendo cacau em sistema agroflorestal sustentável
O cacaueiro produz matéria orgânica que é rapidamente aproveitada pelo solo, aumentando sua fertilidade. Em contrapartida, as árvores nativas da Amazônia proporcionam a sombra necessária para o desenvolvimento ideal do cacau. Esta simbiose cria um modelo de produção que contribui para a recuperação de áreas degradadas e para a manutenção da biodiversidade amazônica.

Processo tradicional de secagem de amêndoas de cacau

Certificação orgânica valoriza o cacau paraense no mercado
A produção orgânica de cacau tem crescido significativamente no estado, com diversos produtores obtendo certificações que valorizam suas amêndoas no mercado nacional e internacional. Iniciativas como o Plano Estadual de Bioeconomia, coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), têm incentivado práticas sustentáveis na cadeia produtiva do cacau.
“O cacau será fundamental para o desenvolvimento da bioeconomia no Pará, principalmente a partir do momento em que ele é verticalizado aqui mesmo na Amazônia. Chegar ao produto final é a forma que entendemos que o cacau contribui para o desenvolvimento da bioeconomia, quando ele consegue gerar riqueza aqui.”
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Inovações Tecnológicas na Cacauicultura Paraense
O avanço da cacauicultura no Pará está diretamente ligado à incorporação de inovações tecnológicas e ao investimento em pesquisa e desenvolvimento. Iniciativas como a primeira Escola-Indústria Senar “Chocolate da Amêndoa à Barra” do Brasil, inaugurada em 2019 no município de Altamira, têm contribuído para a verticalização da cadeia produtiva.

Centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para o cacau paraense
O projeto da Escola-Indústria contempla ainda a implantação de uma unidade móvel para a produção de chocolate e a inauguração de mais quatro escolas nos municípios de Igarapé-Miri, Medicilândia, Castanhal e Cametá. Nestas unidades, são promovidas palestras técnicas sobre o manejo do cacau e a produção de chocolate, permitindo aos participantes o aprendizado prático com maquinário especializado.

Processo de transformação do cacau em chocolate artesanal
O melhoramento genético do cacaueiro também tem recebido atenção especial, com pesquisas focadas no desenvolvimento de variedades mais resistentes a pragas e doenças, como a Monilíase, e com maior produtividade. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) realiza um trabalho contínuo de monitoramento e prevenção de pragas, essencial para a manutenção da saúde das lavouras.
Quais são as principais inovações tecnológicas na produção de cacau no Pará?
As principais inovações incluem: sistemas agroflorestais otimizados, melhoramento genético para variedades mais resistentes e produtivas, técnicas avançadas de fermentação e secagem para melhorar a qualidade das amêndoas, e tecnologias de processamento para a produção de chocolate fino de origem. Além disso, há inovações em monitoramento digital de plantações e controle biológico de pragas.
Como a tecnologia tem ajudado no combate a pragas e doenças do cacaueiro?
A tecnologia tem contribuído através de sistemas de monitoramento preventivo, desenvolvimento de variedades resistentes, uso de controle biológico e aplicação de técnicas de manejo integrado. A Adepará utiliza sistemas de informação geográfica para mapear áreas de risco e implementar ações preventivas, especialmente contra a Monilíase, doença que ainda não atingiu o Brasil mas representa uma ameaça significativa.
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Mercado e Oportunidades Econômicas
O mercado para o cacau paraense apresenta perspectivas promissoras, tanto no cenário nacional quanto internacional. Atualmente, cerca de 70% da produção é comercializada para a Bahia, mas há um movimento crescente de verticalização da cadeia produtiva no próprio estado, com o desenvolvimento da indústria chocolateira local.

Chocolates finos produzidos com cacau paraense ganham reconhecimento internacional
O chocolate produzido com cacau paraense tem conquistado reconhecimento internacional pela sua qualidade e características sensoriais únicas. Empresas como a Filha do Combu, que produz chocolate na ilha do Combu, em Belém, têm demonstrado o potencial de agregação de valor ao transformar a amêndoa em produto final dentro da própria região.

Feira de produtos derivados do cacau paraense

Preparação de cacau paraense para exportação
O potencial econômico da cadeia produtiva do cacau no Pará é estimado em US$ 120 bilhões anuais com a exportação de produtos florestais, incluindo o cacau e seus derivados. Este potencial está alinhado com a política de bioeconomia do estado, que busca desenvolver uma economia baseada em baixas emissões de gases de efeito estufa.
Oportunidades de Mercado para o Cacau Paraense:
- Chocolates finos de origem com certificação orgânica e de comércio justo
- Produtos cosméticos e farmacêuticos derivados da manteiga de cacau
- Turismo de experiência nas fazendas de cacau e fábricas de chocolate
- Exportação de amêndoas premium para mercados especializados
- Desenvolvimento de produtos inovadores à base de cacau (bebidas, alimentos funcionais)
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Entre em contato com a Associação dos Produtores de Cacau e Chocolate do Estado do Pará (Ascau) para conhecer oportunidades de parceria e investimento.
Desafios e Soluções para a Cacauicultura Paraense
Apesar do grande potencial e dos avanços significativos, a cacauicultura paraense ainda enfrenta desafios importantes que precisam ser superados para garantir seu desenvolvimento sustentável a longo prazo.

Desafios logísticos para o escoamento da produção de cacau em regiões remotas
Pontos Fortes
- Alta produtividade (977 kg/ha, quase o dobro da média nacional)
- Qualidade superior das amêndoas, reconhecida internacionalmente
- Sistemas agroflorestais que aliam produção e preservação ambiental
- Forte apoio institucional (governo, associações, institutos de pesquisa)
- Crescente verticalização da cadeia produtiva
Desafios
- Infraestrutura logística deficiente em algumas regiões produtoras
- Ameaça de pragas como a Monilíase (ainda ausente, mas preocupante)
- Acesso limitado a crédito e financiamento para pequenos produtores
- Necessidade de mais capacitação técnica em algumas regiões
- Comercialização ainda dependente de intermediários
Para enfrentar estes desafios, diversas iniciativas têm sido implementadas, como o Plano Estadual de Prevenção, Supressão e Erradicação da Monilíase, desenvolvido pela Adepará em parceria com a Secretaria Federal de Agricultura (SFA/PA). Este plano inclui ações de monitoramento, vigilância do trânsito agropecuário e educação fitossanitária.
No campo da comercialização, iniciativas como o convênio entre a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), o Senar, a Sedap e a Associação dos Produtores de Cacau e Chocolate do Estado do Pará (Ascau) para o funcionamento de fábricas de chocolate em Tomé-Açu e Castanhal representam avanços importantes para a verticalização da cadeia produtiva.
O Futuro do Cacau Paraense
O Pará tem todas as condições para consolidar sua posição como referência mundial na produção sustentável de cacau de alta qualidade. A combinação de condições naturais favoráveis, conhecimento tradicional, inovação tecnológica e políticas públicas de apoio cria um cenário promissor para o desenvolvimento contínuo da cacauicultura no estado.

Visão do futuro: integração entre produção sustentável, tecnologia e desenvolvimento socioeconômico
A transformação da matriz econômica do estado, com foco na bioeconomia e na valorização dos produtos da sociobiodiversidade amazônica, coloca o cacau em posição estratégica. Mais do que um produto agrícola, o cacau paraense representa um modelo de desenvolvimento que respeita os limites ambientais enquanto gera riqueza e bem-estar social.
Como afirma o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’de Almeida: “Nós acreditamos na força transformadora da bioeconomia para gerar empregos verdes e renda em um processo capaz de se manter ao longo do tempo. No manejo da floresta, colocamos em prática o velho ditado que diz que a floresta em pé vale muito mais do que derrubada. Neste sentido, é fundamental o desenvolvimento de culturas como a do cacau.”
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