1. Introdução
A Família Barbalho representa uma das mais influentes e duradouras forças políticas no estado do Pará, com uma trajetória que se estende por décadas e atravessa gerações. Sua presença no cenário político paraense é marcada pela atuação de figuras-chave como Laércio Barbalho, avô do atual governador, Helder Barbalho, pai e ex-governador, Jader Barbalho, pai e senador federal, Helder Barbalho, o atual governador, e Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades. A persistência do clã Barbalho no poder por várias décadas e gerações sugere uma estrutura política profundamente enraizada e adaptável no Pará. Essa longevidade implica uma forte máquina política, um planejamento de sucessão eficaz e, potencialmente, uma rede profunda de alianças e influência que transcende mandatos individuais.
Este relatório busca oferecer uma análise abrangente dos períodos de governo da Família Barbalho no Pará, focando principalmente nas gestões de Jader Barbalho (1983-1987 e 1991-1994) e Helder Barbalho (2019-presente). A análise será equilibrada, apresentando tanto os aspectos positivos quanto os negativos da governança Barbalho, fundamentada em fatos, dados e informações disponíveis. A abordagem adotada é multidisciplinar, cobrindo dimensões políticas, socioeconômicas e ambientais, a fim de proporcionar uma compreensão completa das consequências de suas administrações para o estado. A família Barbalho não apenas governa o Pará, mas também busca posicionar o estado em agendas nacionais e globais, como a COP30, o que indica uma movimentação estratégica para além da mera governança estadual. Essa visibilidade pode ser utilizada para consolidar ainda mais seu poder político e influência.
2. Trajetória Política e Estrutura de Poder da Família Barbalho
A Família Barbalho consolidou uma presença política dominante no Pará através de uma extensa rede de mandatos e cargos-chave, demonstrando uma notável capacidade de perpetuação no poder.
Mandatos e Cargos Chave
Jader Barbalho, o patriarca da atual geração, possui uma carreira política multifacetada e de longa data. Ele atuou como Deputado Estadual (1971, 1975), Deputado Federal (1975, 1979, e posteriormente em 2007-2011, com vice-liderança do PMDB entre 2004-2005) e Governador do Pará por dois mandatos (1983-1987 e 1991-1994). Sua influência se estendeu ao nível federal, onde exerceu três mandatos como Senador, sendo eleito para o terceiro em 2018 com mais de 1,3 milhão de votos, e chegou a presidir o Senado em 2001. Além disso, ocupou cargos ministeriais como Ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário e da Previdência e Assistência Social no governo Sarney.
Helder Barbalho, filho de Jader, iniciou sua vida política precocemente, elegendo-se vereador de Ananindeua aos 21 anos. Em 2002, tornou-se o deputado estadual mais votado do Pará com 68,4 mil votos. Aos 25 anos, foi eleito o prefeito mais jovem da história de Ananindeua, sendo reeleito em 2008. Sua ascensão culminou na eleição para Governador do Pará em 2018, e sua reeleição em primeiro turno em 2022 com 70,41% dos votos, a maior votação para o cargo naquele pleito no Brasil. Helder também foi reeleito por unanimidade presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (CAL) para 2025, em seu terceiro mandato à frente do colegiado. Outros membros da família com papéis políticos relevantes incluem Elcione Barbalho, deputada federal, e Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades no governo Lula.
A Tabela 1 ilustra a extensão e a continuidade do poder da família Barbalho ao longo do tempo, destacando a longevidade e a diversidade de cargos ocupados por seus membros.
Tabela 1: Mandatos e Cargos Chave da Família Barbalho no Pará (1971-Presente)
Membro da Família | Cargo(s) Ocupado(s) | Período(s) | Partido(s) | Nota de Destaque |
Jader Barbalho | Deputado Estadual | 1971, 1975 | MDB | |
Deputado Federal | 1975, 1979, 2007-2011 | MDB/PMDB |
Líder do PMDB (1995-2001), Vice-Líder (2004-2005) |
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Governador do Pará | 1983-1987, 1991-1994 | PMDB |
Dois mandatos |
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Senador da República | 3 mandatos (eleito 2018 para o 3º) | MDB |
Eleito com 1.383.306 votos (2018), Presidente do Senado (2001) |
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Ministro | Reforma Agrária, Previdência | PMDB |
Governo José Sarney |
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Helder Barbalho | Vereador de Ananindeua | Aos 21 anos | MDB |
Início precoce na política |
Deputado Estadual | 2002 | MDB |
Candidato mais votado (68,4 mil votos) |
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Prefeito de Ananindeua | 2004, reeleito 2008 | MDB |
Mais jovem da história do Pará (aos 25 anos) |
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Governador do Pará | 2019-presente (reeleito 2022) | MDB |
Reeleito em 1º turno com 70,41% dos votos (maior do pleito) |
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Presidente do Consórcio da Amazônia Legal | 2025 (3º mandato) | MDB |
Reeleito por unanimidade |
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Elcione Barbalho | Deputada Federal | MDB |
Mãe de Helder e Jader Filho |
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Jader Barbalho Filho | Ministro das Cidades | 2023-presente | MDB |
Administrou Grupo RBA até 2022 |

Influência Midiática: O Grupo RBA de Comunicação e seu Papel na Narrativa Política
Um pilar fundamental para a perpetuação do poder político da Família Barbalho é a posse e o uso estratégico do Grupo RBA de Comunicação. Este conglomerado midiático, que inclui o jornal Diário do Pará, a RBA TV (afiliada da Bandeirantes) e a TV Record local, além de diversas emissoras de rádio, é propriedade da família, com Jader Barbalho e seu filho Jader Filho (que o administrou até 2022) como figuras centrais.
A influência política da família sobre esses veículos de comunicação tem sido objeto de críticas e acusações. Em 2014, por exemplo, o Grupo RBA foi acusado de promoção eleitoral ilegal e antecipada do então candidato Helder Barbalho, utilizando suas plataformas para valorizar sua campanha e desfavorecer concorrentes. Reportagens publicadas nos veículos da família, como o jornal Diário do Pará, foram anexadas a processos como evidência. A capacidade de controlar a narrativa é um ativo poderoso, permitindo moldar a percepção pública e mitigar o impacto de controvérsias, como o escândalo dos respiradores e os dados de desmatamento, que, segundo estudos, não se disseminaram amplamente devido a essa influência.
Essa capacidade de moldar o cenário midiático vai além da publicidade eleitoral, influenciando diretamente a informação que chega ao público. Em 2013, uma greve histórica de jornalistas contra baixos salários e condições de trabalho nas empresas do Grupo RBA resultou em demissões que foram interpretadas como retaliação pela participação no movimento, evidenciando o controle patronal sobre a imprensa e a supressão de vozes críticas.
Acusações de Nepotismo e Clientelismo na Gestão Pública
A estrutura de poder da Família Barbalho também é caracterizada por acusações de nepotismo e clientelismo, práticas enraizadas na política paraense. Ao longo dos últimos dez anos, 20 integrantes da família Barbalho foram identificados ocupando cargos públicos no Pará, com remunerações que somam pelo menos R$ 486 mil. Essa prática de nomeação de familiares e aliados em posições estratégicas é um método para construir uma ampla base de apoio parlamentar e consolidar a figura central do governador.
A transição de poder de Jader para Helder, e a ascensão de Jader Filho a um ministério federal cobiçado, aliada à ampla nomeação de familiares em cargos públicos, demonstra um modelo de governança que prioriza a manutenção da influência do clã sobre a renovação política ou a meritocracia. Esse sistema, que pode ser visto como patrimonialista, garante que, mesmo com a mudança de chefia no executivo, a estrutura de poder subjacente permaneça dentro da órbita da família, permitindo o controle contínuo sobre os recursos e as políticas estaduais.

3. Impactos Socioeconômicos da Governança Barbalho
As gestões da Família Barbalho no Pará, especialmente a de Helder Barbalho, têm se caracterizado por um forte foco em investimentos em infraestrutura e programas sociais, com impactos notáveis no desenvolvimento econômico e social do estado, embora desafios persistam.
Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura
Sob a gestão de Helder Barbalho (2019-2024), o governo do Pará realizou investimentos significativos em infraestrutura. Mais de 1.440 quilômetros de rodovias foram construídos e restaurados, e 135 pontes foram erguidas, visando melhorar a mobilidade, a acessibilidade e conectar comunidades antes isoladas. Essas obras facilitaram o transporte de mercadorias e serviços, ampliando as oportunidades de negócios em todas as 11 regiões de integração do estado.
No âmbito da mobilidade urbana, houve avanços na implantação do Sistema Integrado de Ônibus da Região Metropolitana de Belém (BRT). Projetos de saneamento, como o de Macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, receberam investimentos de R$ 120 milhões, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias e o escoamento de águas pluviais, especialmente importante no período de inverno amazônico.
A escolha de Belém para sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em novembro de 2025 impulsionou um volume sem precedentes de investimentos em infraestrutura. Há 29 frentes de obra em execução para a COP30, com captação de recursos próximos a R$ 4 bilhões. Além disso, o estado recebeu o maior investimento já feito pelo Governo Federal no Pará em sua história, totalizando R$ 6,8 bilhões para obras e ações em municípios paraenses, sendo R$ 2,7 bilhões apenas dentro do Novo PAC. Esses investimentos não apenas preparam a capital para o evento global, mas também visam deixar um legado duradouro para a população em termos de desenvolvimento urbano e qualidade de vida. A infraestrutura é vista como um motor direto para o crescimento do PIB e a geração de empregos, com a COP30 atuando como um catalisador e justificador para esse volume de recursos.

Crescimento do PIB e Geração de Empregos
Esses avanços infraestruturas coincidiram com um desempenho econômico notável. O Pará consolidou sua posição entre as 10 maiores economias do Brasil, registrando um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 262,9 bilhões em 2021. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos setores de metalurgia e mineração, e refletiu-se no aumento da participação do Pará na economia nacional, atingindo 2,9%, o maior índice dos últimos 20 anos (2002-2021).
A geração de empregos também foi expressiva. As obras de infraestrutura viária criaram aproximadamente 26.188 empregos diretos, além de inúmeros postos indiretos, com foco na contratação de mão de obra regional, estimulando a economia local. Em 2023, o Pará registrou um balanço positivo de 44,8 mil empregos formais, liderado pelos setores de Serviços, Comércio e Indústria.
Impactos Fiscais e Repasses Municipais (Jader Barbalho – Atuação no Senado)
Na esfera fiscal e de repasses, o senador Jader Barbalho tem atuado na defesa dos municípios paraenses. Ele expressou preocupação com a redução do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Fundo de Participação dos Estados (FPE) devido à diminuição do IPI, estimando perdas para o Pará em R$ 537,3 milhões entre 2022 e 2024. Para mitigar esses impactos, propôs a isenção de consulta do CAUC (Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias) para municípios com população abaixo de 65 mil habitantes, facilitando convênios e repasses. Essa medida beneficiaria 112 dos 144 municípios paraenses, a maioria dependente do FPM como principal fonte de receita.
Desenvolvimento Social
Apesar dos investimentos econômicos, o desenvolvimento social no Pará sob as gestões Barbalho apresenta um cenário de avanços e desafios persistentes.

Educação
O governo Helder Barbalho tem demonstrado compromisso com a educação pública de qualidade, buscando apoiar os municípios no ensino fundamental e ampliar a oferta do ensino médio, com foco no combate ao analfabetismo funcional. Houve ampliação do número de escolas em tempo integral, reestruturação física de 147 escolas estaduais e a criação de um programa de ensino superior modular para localidades não atendidas por universidades públicas. O governo também lançou indicadores para avaliação e planejamento de políticas públicas.
No entanto, o Pará ainda enfrenta desafios significativos. Em 2021, o estado apresentou o segundo pior Ideb do Brasil para o ensino médio público. O senador Jader Barbalho, por sua vez, tem cobrado o INEP sobre a falta de dados da educação básica, alertando que a ausência de informações prejudica o planejamento de políticas e que os investimentos federais na área têm sido os mais baixos desde os anos 2000.

Saúde
Na área da saúde, o governo Helder Barbalho tem se dedicado à ampliação da rede de atendimento hospitalar no estado, buscando concluir e equipar Hospitais Regionais e garantir recursos para a finalização de Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Combate à Pobreza e Segurança Alimentar
Um dos principais programas sociais da gestão Helder Barbalho é o “Pará Sem Fome”, lançado em parceria com o governo federal. Com um investimento inicial de R$ 1,6 milhão, o programa visa assegurar alimentação adequada e saudável para pessoas em situação de insegurança alimentar, promovendo a mobilização de recursos e doações. A iniciativa inclui a implementação de 266 unidades de saneamento domiciliar, beneficiando mais de 1.900 pessoas, e a adesão ao Plano Nacional da Pessoa com Deficiência. Além disso, foi lançado um programa de combate à pobreza menstrual, visando a conscientização, o acesso a absorventes e a prevenção da evasão escolar por motivos relacionados à higiene menstrual.
Apesar desses esforços e investimentos em programas sociais, a persistência de indicadores sociais negativos, como o baixo Ideb e os altos índices de homicídio em alguns municípios, sugere que os desafios estruturais são profundos e não são facilmente superados por programas pontuais. Isso aponta para uma lacuna entre a intenção das políticas e a melhoria social generalizada.

Segurança Pública
Na segrança pública, o governo Helder Barbalho reporta uma redução da violência por seis anos consecutivos, com uma diminuição de mais de 53% na taxa de homicídios e a prisão de mais de 1.400 integrantes de facções criminosas. O governador defende, inclusive, a formação de uma coalizão nacional contra o crime organizado, com o objetivo de desmantelar facções que atuam no Rio de Janeiro e se disseminam para outros estados. Contudo, o Pará ainda figura com sete dos trinta municípios com os maiores índices de assassinatos entre 2019 e 2021, indicando que os desafios na segurança pública permanecem significativos em certas regiões.
A Tabela 2 oferece uma visão quantitativa dos resultados da gestão Helder Barbalho, facilitando a avaliação dos impactos em áreas-chave como economia, emprego, educação, saúde e segurança.
Tabela 2: Indicadores Econômicos e Sociais Selecionados do Pará sob a Gestão Helder Barbalho (2019-2024)
Indicador | Dado (Período) | Observação | Fonte |
PIB do Pará | R$ 262,9 bilhões (2021) | Consolidado entre as 10 maiores economias do Brasil | |
Participação na Economia Nacional | 2,9% (2021) | Maior índice dos últimos 20 anos (2002-2021) | |
Empregos Diretos (Obras Infraestrutura) | ~26.188 (2019-2024) | Gerados por obras de infraestrutura viária | |
Balanço de Empregos Formais | +44,8 mil (2023) | Liderado por Serviços, Comércio e Indústria | |
Taxa de Desmatamento (Alertas) | 22 km² (Março 2025) | Redução de 36% em relação a Março 2024; menor valor mensal desde 2019 | |
Taxa de Desmatamento (Acumulado Ano Prodes) | Queda de 19% (Ago 2024 – Mar 2025) | Menos 199 km² afetados em relação ao período anterior | |
Participação no Desmatamento da Amazônia Legal | De 21% (2024) para 16% (2025) | Indicação de redução da contribuição do Pará | |
IDEB (Ensino Médio Público) | Segundo pior do Brasil (2021) | Desafio persistente na qualidade da educação | |
Redução Taxa de Homicídios | >53% (6 anos consecutivos) | Resultados concretos nas ações de segurança | |
Municípios com Altos Índices de Assassinatos | 7 dos 30 maiores (2019-2021) | Desafios localizados na segurança pública | |
Investimento “Pará Sem Fome” | R$ 1,6 milhão (inicial) | Programa de combate à insegurança alimentar | |
Unidades de Saneamento Domiciliar | 266 unidades (implementadas) | Beneficiando mais de 1.900 pessoas |

4. Impactos Ambientais e Sustentabilidade
A questão ambiental é central na análise da governança Barbalho, especialmente considerando o papel do Pará na Amazônia.
Histórico e Taxas de Desmatamento no Pará sob Diferentes Gestões
O Pará tem um histórico desafiador em relação ao desmatamento. O estado foi líder em devastação florestal na Amazônia Legal por 16 anos consecutivos, até 2022, período que abrangeu o primeiro mandato de Helder Barbalho. Em 2021, a área desmatada no Pará atingiu 5.238 km². Historicamente, as taxas de desmatamento no Pará mostraram aceleração desde os anos 1980. Em 1995, a Amazônia registrou a maior taxa anual de desmatamento, com 29.059 km², e o Pará tem sido o estado que mais desmata na Amazônia desde 2006, registrando 3.008 km² em 2011
A Tabela 3 permite uma comparação direta das taxas de desmatamento em diferentes períodos de governo da família Barbalho e de outras gestões, contextualizando os dados mais recentes de redução com o histórico de liderança do Pará em devastação.
Tabela 3: Taxas de Desmatamento no Pará: Comparativo Histórico e Recente (1980s-2025)
Ano (Período) | Taxa de Desmatamento (km²) | Governo Vigente no Pará | Observações | Fonte |
1980s | Aumento acelerado | Jader Barbalho (1983-1987) e outros | Tendência de aceleração nas derrubadas | |
1995 | 29.059 (Amazônia total) | Jader Barbalho (até 1994) e outros | Maior taxa anual de desmatamento na Amazônia | |
2006-Presente | Liderança em desmatamento | Diversos, incluindo Helder Barbalho (a partir de 2019) | Pará líder em desmatamento na Amazônia desde 2006 | |
2011 | 3.008 | Outros governos | Pará líder em desmatamento na Amazônia | |
2019-2022 | Liderança em devastação | Helder Barbalho | Pará líder em devastação florestal por 16 anos consecutivos (até 2022), incluindo o 1º mandato de Helder | |
2021 | 5.238 | Helder Barbalho | Desmatamento em patamares alarmantes | |
Março 2025 | 22 | Helder Barbalho | Redução de 36% em relação a Março 2024; menor valor mensal desde 2019 | |
Ago 2024 – Mar 2025 | Queda de 19% (199 km² menos) | Helder Barbalho | Acumulado Ano Prodes 2025 | |
2023 | Redução de 21% | Helder Barbalho | Redução na taxa de desmatamento verificada pelo Inpe | |
Ago 2023 – Jul 2024 | Expectativa de redução de 40% | Helder Barbalho | Expectativa para o Ano Prodes |

Políticas e Programas Ambientais Atuais (Helder Barbalho)
Desde 2019, o governo Helder Barbalho tem implementado medidas estruturantes para enfrentar o desmatamento e as mudanças climáticas. Isso inclui a criação da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas e do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), que abrange iniciativas de comando e controle. Outras estratégias incluem o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN) e o Plano de Bioeconomia.
O governo reafirmou o compromisso com a recuperação de áreas degradadas, estabelecendo a meta de recuperar 5,7 milhões de hectares até 2030, quase metade do compromisso nacional. Para isso, tem buscado a parceria da iniciativa privada, realizando a primeira concessão bem-sucedida no Brasil, com 12 mil hectares na APA Triunfo do Xingu, e planos para mais 30 mil hectares em 2025. Há também a promoção da pecuária sustentável, com a meta de ter 100% do rebanho bovino com identificação individual, e a construção do primeiro parque de bioeconomia da Amazônia.
Como resultado dessas ações, o governo alega uma redução significativa nos alertas de desmatamento. Em março de 2025, o Pará registrou uma área de 22 km² sob alertas de desmatamento, uma redução de 36% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, sendo o menor valor mensal já registrado desde 2019. No acumulado entre agosto de 2024 e março de 2025 (Ano Prodes 2025), houve uma queda de 19%. A participação do Pará no desmatamento da Amazônia Legal também diminuiu de 21% em 2024 para 16% em 2025. Além disso, o estado de emergência ambiental foi prorrogado para intensificar as ações de combate ao desmatamento através da Operação Curupira, com expectativa de uma redução de cerca de 40% nos alertas de desmatamento no ano Prodes 2023-2024.

Controvérsias Ambientais: Desmatamento Zero, Exploração de Petróleo e Críticas de ONGs
Apesar dos esforços e dos resultados positivos alegados, existe uma tensão entre o discurso de sustentabilidade e conservação promovido pelo governo Helder Barbalho, especialmente no contexto da COP30, e as críticas sobre o histórico de desmatamento do estado, a defesa da exploração de petróleo e as acusações de racismo ambiental. A COP30, enquanto vitrine global, serve tanto para legitimar as políticas ambientais do governo quanto para expor suas contradições.
Ambientalistas criticam a falta de compromisso explícito do governo Helder com o desmatamento zero, uma meta já assumida pelo governo federal. O governador justifica que 70% das áreas do estado são de responsabilidade da União, o que exigiria uma forte cooperação federal para atingir esse objetivo. Contudo, especialistas apontam que o estado não conseguiu formar alianças ou coalizões com agentes econômicos que fossem favoráveis a medidas de controle do desmatamento.
Outro ponto de controvérsia é a defesa da pesquisa para exploração de petróleo na bacia da foz do Amazonas. Helder argumenta que se trata apenas de “pesquisa” e que a exploração só ocorrerá se os estudos ambientais não demonstrarem prejuízo aos ecossistemas locais. Essa postura, no entanto, é criticada por ONGs e levanta preocupações sobre a real prioridade ambiental.
Racismo Ambiental e Gentrificação no Contexto de Grandes Eventos
A realização da COP30 em Belém, embora vista como uma oportunidade para o Pará, também tem gerado acusações de racismo ambiental e gentrificação. Críticos apontam que o governo gasta milhões em propaganda e obras faraônicas para projetar Belém como “capital sustentável”, enquanto comunidades locais são afetadas por esses projetos, sem o devido diálogo ou compensação.
Organizações indígenas e quilombolas da Amazônia repudiaram um discurso de Helder Barbalho na COP29, onde ele sugeriu que essas comunidades dependeriam do mercado de carbono para seu sustento, responsabilizando-as indiretamente pelo garimpo ilegal. Essas organizações exigem respeito ao direito de consulta e ao protagonismo das comunidades na formulação de políticas que afetem seus territórios, criticando falas coloniais e soluções impostas sem diálogo. Essas denúncias demonstram que a complexidade da governança ambiental envolve não apenas dados de desmatamento, mas também a relação do governo com as populações tradicionais e a distribuição dos impactos do desenvolvimento.
A atribuição de responsabilidade pelo desmatamento é complexa. Enquanto o governo estadual aponta para a responsabilidade da União sobre grande parte das áreas, especialistas sugerem que a eficácia do controle ambiental depende de uma governança multi-nível e da capacidade do estado de formar alianças com agentes econômicos para promover a produção sem desmatamento.

5. Controvérsias e Escândalos Envolvendo a Família Barbalho
A trajetória política da Família Barbalho, em particular a de Jader e, mais recentemente, de Helder, é marcada por diversas controvérsias e escândalos que levantaram questões sobre probidade e transparência na gestão pública.
Casos Jader Barbalho: SUDAM e Banpará
A carreira de Jader Barbalho foi significativamente impactada por acusações de corrupção e desvio de verbas.
SUDAM
Um dos escândalos mais notórios foi o da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Jader Barbalho foi acusado de ser o mentor de desvios de R$ 16,7 milhões do Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam), com o rombo total do caso Sudam estimado em pelo menos R$ 4 bilhões. As investigações apontaram o envolvimento de projetos fantasmas e empresas ligadas à família.
Como desdobramento, Jader renunciou à Presidência do Senado e ao seu mandato em 2001 para evitar um processo de cassação. Ele chegou a ser preso em 2002 durante as investigações. Apesar das acusações, ele conseguiu ser eleito deputado federal em 2002 e senador em 2010, assumindo o cargo em 2011 após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Ficha Limpa. A recuperação dos recursos desviados tem sido um desafio. O Ministério Público Federal abriu quase 500 processos relacionados ao caso Sudam, mas a recuperação do dinheiro é rara, com poucas condenações definitivas. Jader foi condenado em primeira instância a ressarcir R$ 2,2 milhões à União, mas recorreu da decisão. A recorrência de acusações de corrupção e a subsequente dificuldade na recuperação dos fundos e na aplicação de condenações definitivas sugerem um padrão de impunidade que pode ter contribuído para a persistência do poder do clã.
Banpará
Jader Barbalho também foi acusado de envolvimento em desvios de verbas do Banco do Estado do Pará (Banpará) entre 1984 e 1988, período em que era governador. Documentos do Banco Central indicaram que Jader, seus parentes e empresas de sua propriedade foram beneficiados por um desvio que alcançou R$ 10 milhões em valores atuais. As investigações do caso Banpará foram reabertas pelo Ministério Público Federal em 2001, o que levou Jader a deixar a presidência do PMDB na época.
TDAs (Títulos da Dívida Agrária)
Adicionalmente, Jader Barbalho foi citado em fraudes na venda irregular de Títulos da Dívida Agrária (TDAs) emitidos quando ocupava o cargo de Ministro da Reforma Agrária em 1988.
Casos Helder Barbalho
A gestão de Helder Barbalho também enfrentou suas próprias controvérsias.

Escândalo dos Respiradores (Operação Para Bellum)
O governo de Helder Barbalho foi alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Operação “Para Bellum”. A operação apurou possíveis irregularidades, incluindo desvio de recursos públicos e superfaturamento, na compra de 400 respiradores para o tratamento da Covid-19. Como resultado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) bloqueou os bens de Helder Barbalho. O governador reafirmou publicamente seu compromisso com a transparência e total apoio às investigações. A Operação SOS, um desdobramento da Para Bellum, investiga irregularidades na contratação de organizações sociais para a gestão de hospitais e hospitais de campanha no estado.
Controvérsias da Lei da Educação
O governo Helder Barbalho enfrentou forte resistência e críticas em relação à Lei 10.820/2024, que tratava da carreira dos professores e da rede estadual de ensino. A lei foi revogada após mobilizações e manifestações da categoria e das populações indígenas, que expressaram preocupação com a possível substituição do ensino presencial pelo ensino a distância em regiões remotas, prejudicando o acesso à educação. Um termo de compromisso foi assinado para a elaboração de um novo Estatuto do Magistério e Plano de Cargos, Carreiras e Salário, com a formação de um grupo de trabalho que incluirá representantes do governo, professores e populações tradicionais. Educadores criticaram a falta de diálogo e a truculência policial em manifestações, evidenciando um desafio na relação com a sociedade civil.
Descumprimento de Decisões Judiciais
O governador Helder Barbalho também foi alvo de denúncias de descumprimento de uma ordem da Justiça Federal por mais de quatro meses. A ordem exigia a publicação de um vídeo feito por indígenas críticos ao seu governo, e a juíza chegou a dobrar a multa aplicada ao governador e ao estado do Pará.
As controvérsias envolvendo Helder Barbalho, como o escândalo dos respiradores e a revogação da Lei da Educação após protestos, indicam desafios na transparência da gestão e na relação com a sociedade civil e movimentos sociais.
A Tabela 4 sumariza as principais controvérsias e escândalos que a família Barbalho enfrentou, permitindo uma visão clara da gravidade, recorrência e dos desdobramentos legais e políticos de cada caso.
Tabela 4: Principais Controvérsias e Escândalos Envolvendo a Família Barbalho e seus Desdobramentos
Membro Envolvido | Nome do Caso/Escândalo | Período | Natureza da Acusação | Desdobramentos Políticos/Legais | Status da Recuperação de Recursos | Fonte |
Jader Barbalho | SUDAM | Anos 90-2000s | Desvio de verbas (R$ 16,7 milhões; rombo total R$ 4 bilhões) do Finam, projetos fantasmas | Renunciou à Presidência do Senado e mandato (2001) p/ evitar cassação; preso (2002); eleito deputado (2002) e senador (2010/2011) | Recuperação rara; poucas condenações definitivas; condenado em 1ª instância a ressarcir R$ 2,2 milhões (recorreu) | |
Jader Barbalho | Banpará | 1984-1988 | Desvio de verbas do Banco do Estado do Pará (R$ 10 milhões em valores atuais) | Reabertura de investigações pelo MPF (2001); Jader deixou presidência do PMDB | Indícios de benefício à família e empresas; não há informação sobre recuperação | |
Jader Barbalho | TDAs | 1988 | Fraudes na venda irregular de Títulos da Dívida Agrária (quando Ministro da Reforma Agrária) | Citado em matérias da imprensa e pronunciamentos | Não há informação sobre recuperação | |
Helder Barbalho | Escândalo dos Respiradores (Operação Para Bellum) | Pandemia Covid-19 | Desvio de recursos e superfaturamento na compra de 400 respiradores | Bens bloqueados pelo STJ; Helder reafirmou compromisso com transparência e apoio às investigações; Operação SOS (desdobramento) investiga OSs | Não há informação sobre recuperação | |
Helder Barbalho | Controvérsia da Lei da Educação | 2024 | Lei que alterava carreira de professores e rede de ensino, com preocupação sobre EAD em regiões remotas | Revogação da lei após resistência de professores e indígenas; termo de compromisso para novo estatuto; críticas à truculência policial | Não aplicável | |
Helder Barbalho | Descumprimento de Decisão Judicial | Recorrente | Não publicação de vídeo de indígenas críticos ao governo | Multa dobrada pela Justiça Federal | Não aplicável |
6. Percepção Pública e Análise Crítica da Governança
A percepção pública da governança Barbalho no Pará, especialmente sob Helder, apresenta uma notável dissonância entre a alta popularidade e as críticas qualificadas de especialistas e da sociedade civil.
Aprovação da Gestão Helder Barbalho: Dados de Pesquisas
A gestão de Helder Barbalho desfruta de alta aprovação popular no Pará. Pesquisas indicam que 66,3% dos eleitores aprova sua gestão (Paraná Pesquisas) , e 70,3% de aprovação (AtlasIntel), com 58,4% considerando-a “ótima” ou “boa”. Outra pesquisa do DataPoder360 mostrou que 49% da população considera seu trabalho “ótimo” ou “bom”, com 25% avaliando como “regular”. Essa popularidade se refletiu em seu desempenho eleitoral, sendo reeleito em primeiro turno em 2022 com 70,41% dos votos, a maior votação para o cargo naquele pleito no Brasil.
A alta aprovação popular de Helder Barbalho contrasta fortemente com as críticas substanciais e qualificadas de especialistas, acadêmicos e movimentos sociais sobre aspectos cruciais de sua governança, como meio ambiente, direitos sociais e práticas políticas. Essa dissonância sugere que a percepção pública pode ser influenciada por fatores como o controle midiático exercido pela família ou os benefícios tangíveis de grandes projetos de infraestrutura, que podem ofuscar ou minimizar questões de governança mais complexas.nálise Crítica de Especialistas e da Sociedade Civil sobre a Governança Barbalho
Apesar da popularidade, a governança da Família Barbalho é alvo de análises críticas por parte de especialistas e da sociedade civil
Críticas Gerais
Há acusações de que o clã perpetua um sistema de dominação baseado em nepotismo, autoritarismo, precarização de serviços públicos e alianças com o grande capital. A crítica aponta que o Estado é transformado em um instrumento de enriquecimento e perpetuação de privilégios.
Educação
A Lei da Educação de Helder Barbalho foi duramente criticada por atacar direitos dos professores e pela falta de diálogo com a categoria, culminando em manifestações e ações policiais consideradas truculentas.
Meio Ambiente
Ambientalistas criticam a falta de um compromisso claro com o desmatamento zero e a defesa da exploração de petróleo na foz do Amazonas, o que é visto como uma contradição com o discurso ambientalista do governador.OP30
A realização da COP30 em Belém, embora seja uma oportunidade estratégica para o governo Barbalho projetar uma imagem internacional de liderança ambiental e atrair investimentos, também funciona como um espelho que reflete e amplifica as críticas internas sobre as políticas ambientais e sociais do estado, bem como os desafios de infraestrutura e governança. O evento é visto por alguns como um “trampolim político” para o clã. Preocupações foram levantadas sobre racismo ambiental e gentrificação em Belém, com gastos milionários em obras faraônicas que, segundo críticos, não beneficiam igualmente todas as comunidades. Além disso, houve preocupações com preços abusivos de hospedagem e atrasos na plataforma de acomodações para o evento.
Discurso e Imagem
Helder Barbalho tem utilizado a agenda climática para ampliar seu poder e projetar uma imagem de liderança ambiental, mas é cobrado por problemas internos do estado, como o alto desmatamento e a violência. Sua comunicação estratégica, especialmente nas redes sociais e em confrontos com o ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, contribuiu para sua popularidade e engajamento.
A realização da COP30 em Belém é uma oportunidade estratégica para o governo Barbalho projetar uma imagem internacional de liderança ambiental e atrair investimentos. No entanto, o evento também serve como um espelho que reflete e amplifica as críticas internas sobre as políticas ambientais e sociais do estado, bem como os desafios de infraestrutura e governança.
. Conclusão: Balanço Geral da Governança Barbalho no Pará
A análise da governança da Família Barbalho no Pará revela um legado complexo, marcado por uma combinação de avanços significativos e desafios persistentes, que se estendem por décadas e gerações.
Pontos Positivos
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Continuidade e Estabilidade Política: A presença duradoura da Família Barbalho no poder tem proporcionado uma linha de continuidade na governança do Pará, o que, para alguns, pode ser interpretado como um fator de estabilidade política em um cenário nacional frequentemente volátil.
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Grandes Investimentos em Infraestrutura: Sob a gestão de Helder Barbalho, o estado testemunhou um volume expressivo de investimentos em infraestrutura. A construção e restauração de mais de 1.440 km de rodovias e 135 pontes , o avanço no Sistema Integrado de Ônibus de Belém , e o Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Tucunduba são exemplos. A preparação para a COP30 impulsionou investimentos sem precedentes, incluindo R$ 6,8 bilhões do Governo Federal, o maior da história no Pará , com impactos positivos no PIB estadual (atingindo R$ 262,9 bilhões em 2021 e 2,9% de participação nacional) e na geração de empregos (26.188 diretos em obras viárias, 44,8 mil formais em 2023).
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Programas Sociais e Combate à Pobreza: O governo Helder Barbalho lançou iniciativas como o “Pará Sem Fome”, com investimento inicial de R$ 1,6 milhão, visando a segurança alimentar e a melhoria das condições de vida. Programas de saneamento domiciliar e combate à pobreza menstrual também foram implementados, buscando atender a necessidades básicas da população.
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Esforços na Redução do Desmatamento: Apesar de um histórico desafiador, dados recentes apontam para uma redução significativa nos alertas de desmatamento sob Helder Barbalho (queda de 36% em março de 2025, menor valor desde 2019). Novas políticas ambientais, como o Plano Estadual Amazônia Agora e o foco na bioeconomia, juntamente com o compromisso de recuperar 5,7 milhões de hectares até 2030, demonstram uma tentativa de reverter o cenário ambiental.
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Visibilidade e Protagonismo Nacional/Internacional: A conquista da COP30 para Belém e a atuação de Helder Barbalho no cenário nacional e internacional elevam o perfil do Pará, colocando o estado no centro do debate sobre mudanças climáticas e atraindo atenção e recursos globais
Pontos Negativos
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Acusações Recorrentes de Corrupção e Impunidade: A trajetória de Jader Barbalho é marcada por escândalos de grande repercussão, como os casos SUDAM (desvios de R$ 16,7 milhões e rombo de R$ 4 bilhões) e Banpará (desvios de R$ 10 milhões). A dificuldade na recuperação dos recursos desviados e a raridade de condenações definitivas geram uma percepção de impunidade que se estende à família. Helder Barbalho também enfrentou o escândalo dos respiradores na pandemia, com bens bloqueados e investigações em curso.
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Conrole Midiático e Manipulação da Narrativa: A propriedade do Grupo RBA de Comunicação pela família levanta sérias preocupações sobre a imparcialidade da informação e a supressão de críticas, afetando a transparência e a democracia midiática. Acusações de uso indevido dos veículos para promoção eleitoral e para abafar notícias negativas são recorrentes.
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Neotismo e Clientelismo: A presença de múltiplos familiares (20 integrantes nos últimos 10 anos) em cargos públicos com remunerações elevadas e a formação de amplas bases de apoio através de nomeações reforçam o caráter dinástico e patrimonialista da política, em detrimento de critérios de mérito e eficiência.
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Desafios Persistentes em Indicadores Sociais: Apesar dos programas sociais, o Pará ainda enfrenta problemas graves em educação, com o segundo pior Ideb do Brasil para o ensino médio em 2021. Na segurança pública, embora haja redução geral de homicídios, sete dos trinta municípios com os maiores índices de assassinatos no Brasil entre 2019 e 2021 estão no Pará.
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Controvérsias Ambientais e Sociais: As críticas sobre a falta de compromisso com o desmatamento zero, a defesa da exploração de petróleo na foz do Amazonas, e as acusações de racismo ambiental e gentrificação, especialmente no contexto da COP30, revelam tensões entre o desenvolvimento econômico e a proteção dos direitos das comunidades tradicionais. A revogação da Lei da Educação após protestos e a truculência policial em manifestações também são pontos negativos que indicam uma relação tensa com a sociedade civil
Legados Duradouros e Desafios Futuros para o Estado do Pará
O legado da Família Barbalho para o Pará é, portanto, multifacetado. Por um lado, há um histórico de grandes obras de infraestrutura e uma busca por posicionar o estado em agendas de desenvolvimento e sustentabilidade, com resultados econômicos e ambientais positivos recentes. Por outro lado, a governança Barbalho é permeada por acusações de práticas políticas questionáveis, como corrupção, nepotismo e controle midiático, que levantam questões sobre a transparência, a responsabilidade e a inclusão social.
Os desafios futuros para o Pará, sob a influência contínua da Família Barbalho ou de outras lideranças, incluem a necessidade de consolidar as reduções de desmatamento de forma sustentável e equitativa, garantir que o desenvolvimento econômico seja verdadeiramente inclusivo e não acentue desigualdades ou impactos ambientais negativos. É crucial superar os déficits sociais persistentes em educação, saúde e segurança, e fortalecer a governança democrática e participativa, assegurando que as políticas públicas sejam formuladas com base no diálogo e no respeito aos direitos de todas as comunidades.
8. Recomendações
Com base na análise apresentada, as seguintes recomendações são propostas para o aprimoramento da governança no Pará:
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Fortalecimento da Transparência e Combate à Corrupção: É fundamental implementar mecanismos mais rigorosos de fiscalização e controle de gastos públicos. Isso deve incluir a intensificação da responsabilização de agentes públicos envolvidos em desvios e a efetiva recuperação dos recursos desviados, garantindo que a justiça seja plenamente aplicada e que a impunidade não se perpetue.
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Promoção da Pluralidade Midiática e Independência Jornalística: Para assegurar que a sociedade paraense tenha acesso a informações imparciais e diversas, é essencial incentivar a diversidade de veículos de comunicação e fortalecer a independência jornalística. Medidas que coíbam a concentração de poder midiático e o uso de veículos de comunicação para fins políticos partidários são cruciais para a saúde democrática.
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Reforma Administrativa e Meritocracia: A profissionalização da gestão pública deve ser uma prioridade, com a redução drástica de práticas de nepotismo e clientelismo. A seleção de servidores e gestores deve ser baseada estritamente no mérito e na qualificação técnica, visando a eficiência e a imparcialidade na administração pública.
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Desenvolvimento Social Inclusivo e Estrutural: Os investimentos em educação, saúde e segurança devem ser contínuos e estratégicos, abordando as causas estruturais das desigualdades sociais. A formulação e implementação de políticas públicas devem contar com a participação ativa das comunidades, garantindo que as soluções sejam adequadas às suas realidades e necessidades.
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Governança Ambiental Integrada e Participativa: É imperativo adotar uma política de desmatamento zero com metas claras e fiscalização efetiva, em colaboração com os governos federal e municipal, e com os agentes econômicos. Além disso, um diálogo genuíno e o respeito irrestrito aos direitos dos povos tradicionais são fundamentais na formulação e implementação de políticas ambientais e de bioeconomia, assegurando que a conservação da Amazônia beneficie a todos.
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Planejamento Urbano e Social para Grandes Eventos: Para que eventos de grande porte como a COP30 gerem legados positivos e abrangentes, é necessário um planejamento urbano e social que mitigue impactos negativos como gentrificação e racismo ambiental. A infraestrutura e os serviços desenvolvidos devem beneficiar a totalidade dos cidadãos, e não apenas segmentos específicos, garantindo que o desenvolvimento seja equitativo e sustentável.