A Serra dos Carajás: História, Produção e a Geopolítica da Riqueza Concentrada e o Paradoxo do Desenvolvimento Truncado entre Marabá e Parauapebas

I. Introdução: O Megaprojeto Amazônico e a Geopolítica do Ferro

 

A. A Relevância Global de Carajás no Cenário Mineral

 

A Serra dos Carajás, localizada no sudeste do Pará, entre os municípios de Marabá e Parauapebas, transcende sua localização geográfica para se posicionar como um polo estratégico no suprimento global de minério de ferro. O complexo abriga a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo 1, garantindo ao Brasil uma posição de destaque no mercado internacional de

commodities.

Este vasto projeto mineral é, contudo, mais do que um centro de extração; é um laboratório de desenvolvimento extrativista, cuja história e dinâmica econômica expõem profundas contradições territoriais e sociais. O objetivo deste artigo é detalhar a trajetória histórica da Serra dos Carajás, desde sua descoberta até a implantação de projetos de expansão, analisando como sua produção de minério de ferro moldou a economia e a infraestrutura regional, e o impacto dessa riqueza na configuração urbana e fiscal dos municípios de Marabá e Parauapebas.

 

B. O Paradoxo do Desenvolvimento Truncado

 

A exploração mineral em Carajás, liderada pela Vale S.A., impulsionou o desenvolvimento econômico local, caracterizado por um aumento exponencial do Produto Interno Bruto (PIB) e da renda. No entanto, análises sobre a região de influência (RI-Carajás) indicam que este processo gerou uma estrutura de “riqueza concentrada e desenvolvimento truncado,” acompanhada de significativos impactos socioambientais e desigualdades.2

O cerne dessa contradição reside na dissociação entre a criação de riqueza e a construção de resiliência econômica. A prosperidade observada em municípios mineradores como Parauapebas é fortemente associada a um perfil de emprego vinculado à indústria, à construção civil e a serviços de suporte, setores que oferecem salários superiores à média.2 Essa super-especialização, porém, torna a economia local excessivamente dependente de um único

commodity exportado. O sucesso econômico da região é, portanto, uma função direta da demanda exógena (principalmente da China) e da volatilidade do preço do minério. A falta de diversificação e a vulnerabilidade a choques externos (como a queda do preço do minério, detalhada na Seção VI) demonstram que o modelo falhou em traduzir os volumosos royalties minerais em uma estrutura econômica endógena, resiliente e diversificada, resultando no que se define como “desenvolvimento truncado.”

 

II. O Nascimento do Gigante: História da Descoberta e Implantação do Projeto Ferro Carajás (PFC)

 

A. A Cronologia da Descoberta e o Contexto Institucional

 

A história da Serra dos Carajás como polo mineral moderno iniciou-se com a descoberta dos vastos depósitos de minério de ferro. Este marco histórico da mineração brasileira comemorou 50 anos em 31 de julho de 2017.1 A descoberta e subsequente implantação do Projeto Ferro Carajás (PFC) representaram um salto quântico na capacidade extrativa da então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Mesmo antes de Carajás, a CVRD já era uma das maiores empresas do Brasil, com uma produção anual de quase 11 milhões de toneladas de minério de ferro.1 O PFC elevou drasticamente essa capacidade, transformando a empresa e a paisagem amazônica.

 

B. A Engenharia de Financiamento Global (Década de 1980)

 

O gigantismo do Projeto Ferro Carajás exigiu uma complexa estrutura de financiamento internacional. Na época da implantação, o projeto foi financiado por uma combinação de recursos próprios da CVRD, que cobriram 40% do total, e 20% financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).3

Os 40% restantes foram captados no mercado financeiro externo, obtidos em condições financeiras consideradas excepcionais, com juros baixos.3 O aval geopolítico do projeto foi evidente pela participação inédita de bancos japoneses, liderados pelo Eximbank, em um empréstimo de grande volume para um país em desenvolvimento, além do envolvimento do próprio Banco Mundial.3 Esse apoio internacional atestou a percepção de solvência e o caráter estratégico-global do projeto, legitimando a massiva exploração na Amazônia.

O significativo endividamento externo para viabilizar o PFC foi crucial para a construção da infraestrutura de escoamento (a Estrada de Ferro Carajás – EFC), mas também atrelou o sucesso do empreendimento e, por extensão, o destino do Sudeste do Pará, aos interesses comerciais e financeiros internacionais. A operação para exportação do minério de ferro se preparava para iniciar no início da década de 1980 4, solidificando o novo eixo econômico da região.

 

III. O Core da Produção: Carajás, o Minério de Alta Pureza e a Expansão S11D

 

A. A Vantagem Competitiva da Qualidade Geológica

 

A principal vantagem de Carajás no mercado global é a incomparável qualidade de seu minério. O minério de ferro extraído da região é conhecido por seu alto teor de pureza, frequentemente atingindo 66% de Fe.5 Este elevado teor de ferro permite à Vale uma flexibilidade estratégica no mercado.

A alta qualidade do minério de Carajás possibilita à empresa desenvolver novos produtos, como a combinação do minério puro com estéril (material antes descartado no processo de extração), visando oferecer uma alternativa mais acessível ao mercado chinês sem comprometer totalmente a qualidade.5 Esta capacidade de modular a oferta em diferentes faixas de preço e qualidade reforça a dominância de Carajás. Em termos de retorno fiscal, essa produção massiva e de alto valor torna o Pará o principal estado arrecadador da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), responsável por 55.3% da arrecadação nacional em 2020.6

 

B. O Projeto S11D e o Novo Ciclo Produtivo

 

O Projeto Ferro Carajás S11D representa a maior e mais recente expansão do complexo minerário.7 O objetivo estratégico desta expansão é dobrar a capacidade de produção da Vale na região, o que exige severa intervenção territorial e investimentos de capital maciços.8

Os investimentos futuros estão consolidados no Programa Novo Carajás, com uma previsão ambiciosa de R$ 70 bilhões em investimentos até 2030, focados na expansão da produção de minério de ferro e cobre.9

 

C. Entraves de Licenciamento e Produção

 

Apesar da magnitude dos planos de expansão, a produção recente em Parauapebas tem enfrentado dificuldades. A produção de minério de ferro no município sofreu uma queda de 13% no acumulado até abril de 2025 (de 21.2 milhões para 18.53 milhões de toneladas).9

A causa primária desta estagnação é a lentidão nos processos de licenciamento ambiental. A burocracia ou a cautela regulatória têm impedido o avanço de novas frentes de lavra, paralisando a aplicação dos investimentos previstos no Novo Carajás.9 Este cenário cria um ciclo vicioso: a queda na produção impacta diretamente a receita municipal (como detalhado na seção sobre a CFEM), gerando intensa pressão política para que as salvaguardas ambientais sejam flexibilizadas em prol da estabilidade econômica imediata.

 

IV. A Coluna Vertebral Logística: A Estrada de Ferro Carajás (EFC) e o Corredor de Exportação

 

A. Estrutura e Extensão da EFC

 

A Estrada de Ferro Carajás (EFC) é a infraestrutura vital que permite a Carajás operar como um exportador de classe mundial. A EFC possui uma extensão de 892 km, operando em bitola de 1.60 m.10

A ferrovia estabelece a conexão essencial entre o ponto de extração no Pará e o litoral do Maranhão.11 O corredor logístico transporta não apenas minério de ferro, manganês e cobre, mas também é crucial para o escoamento de produtos agroindustriais (soja, milho, farelo, fertilizantes, celulose), combustíveis e carvão.12 Sua importância se estende muito além do minério, consolidando-se como o eixo logístico central para o desenvolvimento da Amazônia Oriental.

 

B. O Terminal Portuário da Ponta da Madeira (TPPM)

 

O destino final do minério de ferro extraído em Carajás é o Terminal Portuário da Ponta da Madeira (TPPM), localizado em São Luís, Maranhão.11

A necessidade de aumentar o volume de produção por meio do S11D impõe uma pressão logística extrema, exigindo a duplicação da própria Estrada de Ferro Carajás e a expansão do Terminal Portuário da Ponta da Madeira.8 Essa expansão infraestrutural, que visa escoar o volume adicional de minério, gera impactos ambientais em comunidades litorâneas e pesqueiras que estão geograficamente distantes da mina, ilustrando a extensa cadeia de efeitos do Corredor Carajás.8

 

C. O Corredor Carajás como Eixo de Conflito

 

A necessidade de intensificar a vazão logística — principalmente através da duplicação da EFC — está intrinsecamente ligada à escalada dos conflitos fundiários e sociais ao longo do percurso. A ferrovia, que atravessa a Amazônia por quase 900 km, garante que a expansão da mina em Carajás (Pará) gere impactos cumulativos e sinérgicos em diversas comunidades, desde o interior do Pará até o litoral do Maranhão.8

Essa extensão de impacto sublinha que o planejamento da infraestrutura logística é um fator-chave na configuração da geografia dos conflitos. As obras e o licenciamento associado não podem ser avaliados isoladamente, mas devem considerar os efeitos sinérgicos e indiretos em todo o corredor de exportação.8

 

V. Marabá e Parauapebas: A Configuração da Riqueza e o Desenvolvimento Truncado

 

A. A Concentração Econômica e a Hierarquia Regional

 

A dinâmica econômica da região de Carajás é fortemente concentrada nos municípios que sediam a extração primária. A emancipação de Parauapebas de Marabá no final dos anos 1990 permitiu que o novo município concentrasse a maior parte da arrecadação mineral.2

Essa concentração resultou em uma nova hierarquia econômica no Pará. Parauapebas alcançou o topo do ranking, tornando-se a maior economia do estado e a segunda maior da Região Norte. Marabá, o polo regional histórico, figura como a quarta maior economia do Pará, superada também por Canaã dos Carajás, outro player mineral.15

A Tabela 1 ilustra a recente concentração de riqueza fiscal na região:

Arrecadação de CFEM e Posição Econômica (1º Trimestre de 2025)

Município

Arrecadação T1 2025 (R$ Milhões)

Posição Econômica Estadual (2021)

Foco

Canaã dos Carajás

202,7

2ª Maior Economia do Pará

Mineração

Parauapebas

201,1

Maior Economia do Pará

Mineração

Marabá

63,5

4ª Maior Economia do Pará

Polo Regional/Logística

 

B. O Perfil do Emprego e a Desigualdade

 

O Produto Interno Bruto (PIB) de Parauapebas experimentou um crescimento explosivo, atingindo 1.220% entre 2002 e 2017.16 O alto rendimento médio observado nos municípios mineradores está associado à natureza dos empregos gerados: fortemente vinculados à indústria extrativa, à construção civil (necessária para manter a infraestrutura minerária) e a serviços especializados, que tipicamente oferecem salários mais altos.2

Em Parauapebas, a participação de empregos na indústria local é praticamente o dobro da média estadual.2 Por outro lado, a participação de empregos no setor público é marcadamente baixa (7% em Parauapebas contra 13% na média estadual).2 Essa desproporção sugere a formação de um

enclave econômico, onde a riqueza gerada pelo setor privado-extrativo não se traduz integralmente na construção de uma estrutura estatal robusta e diversificada em serviços públicos. Essa falha em construir capacidade institucional local é um fator-chave para o caráter “truncado” do desenvolvimento.

 

C. A Concentração Extrativista

 

A pauta exportadora de Parauapebas está concentrada integralmente em produtos minerais.16 Essa dependência absoluta expõe a região a uma extrema vulnerabilidade. O destino financeiro municipal está diretamente ligado às decisões de grandes compradores internacionais, sobretudo a China.16 Qualquer redução na demanda ou oscilação nos preços globais se traduz imediatamente em instabilidade fiscal e econômica local.

 

VI. Dependência Fiscal e Volatilidade de Mercado: A Crise da CFEM

 

A. A Importância Crítica da CFEM

 

A Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), ou royalty da mineração, é uma fonte de receita vital para os municípios de Carajás, representando uma alta proporção da receita total municipal.15 Por determinação legal, os recursos da CFEM não podem ser destinados ao pagamento de dívidas ou folha de pagamento de pessoal, devendo financiar investimentos em áreas estratégicas, como infraestrutura, saúde e educação.15

 

B. Estudo de Caso: A Queda da CFEM em Parauapebas (2025)

 

A vulnerabilidade fiscal do modelo de enclave foi brutalmente exposta pela projeção de arrecadação da CFEM para 2025. A arrecadação total de CFEM em Parauapebas para 2025 foi estimada em R$ 881,4 milhões, o que representa uma redução drástica de 32% em comparação com o total de R$ 1,295 bilhão arrecadado em 2024.9

As causas do declínio são duplas e interligadas:

  1. Queda do Preço do Minério de Ferro: O preço médio do minério de ferro sofreu uma redução de 26% no período analisado, caindo de US$ 135 por tonelada (Janeiro/2024) para cerca de US$ 99.89 por tonelada (Maio/2025).9
  2. Diminuição na Produção: A produção inicial também caiu 13% no acumulado de 2025, em parte devido aos já citados entraves no licenciamento ambiental que atrasam o acesso a novas frentes de lavra.9

A Tabela 2 quantifica os fatores desta crise fiscal:

Projeção de Volatilidade da Arrecadação da CFEM em Parauapebas (2024 vs. 2025 Estimada)

Métrica

2024 (Total R$)

2025 (Projeção R$)

Variação %

Fator Principal de Queda

Arrecadação CFEM

1,295 Bilhão

881,4 Milhões

-32%

Preço do minério e produção reduzida

Queda Preço (US$/t)

135,00

99,89

-26%

(Jan/24 a Mai/25)

Queda Produção (Milhões t)

21,2 (Jan-Abr)

18,53 (Jan-Abr)

-13%

Entraves de licenciamento

 

C. O Paradoxo da Alocação da CFEM

 

A análise da aplicação dos recursos da CFEM em Parauapebas revela um reforço da dependência econômica. Apesar da receita volumosa, setores sociais essenciais recebem pouca participação da CFEM no conjunto de receitas destinadas a pagar suas despesas. Em contraste, em 2020, as funções de Indústria e Agricultura tiveram 100% de suas despesas pagas com o royalty.16

A priorização da alocação da CFEM para Indústria e setores adjacentes, em vez de investir em Saúde, Educação e Assistência Social, sugere que os recursos estão sendo utilizados para financiar setores que suportam indiretamente a cadeia mineral ou a economia de exportação (por exemplo, logística e infraestrutura), em vez de serem direcionados para a construção de capital humano e serviços sociais que poderiam atenuar a dependência do setor mineral. Este padrão de investimento perpetua o ciclo de “desenvolvimento truncado,” garantindo que a base econômica permaneça estreita e vulnerável.

 

VII. Conflitos Socioambientais e Direitos Territoriais

 

A. Violações de Direitos e a Expansão do S11D

 

A expansão do Projeto S11D e seus empreendimentos associados (como a duplicação da EFC e a expansão do TPPM) exigem severa intervenção territorial e geram críticas por se sobrepor sobre a floresta e os territórios de populações tradicionais.8

Os impactos socioambientais, que incluem poluição do ar, do solo e da água, afetam diretamente comunidades vulneráveis. Os grupos atingidos incluem populações empobrecidas, quilombolas, camponesas e povos indígenas, que se veem diante de riscos e injustiças ambientais potencializados pela magnitude do projeto.8

 

B. O Caso da Terra Indígena Mãe Maria (Povo Gavião)

 

A dimensão humana do Corredor Carajás é mais evidente na Terra Indígena Mãe Maria. A Estrada de Ferro Carajás (EFC), inaugurada em 1985, já corta o território do povo Gavião, no sul do Pará.14 Desde sua construção, a ferrovia tem desestruturado o modo de vida local, afugentando a caça, bloqueando o acesso a corpos d’água importantes e introduzindo o dinheiro das indenizações, o que, ironicamente, aumentou problemas sociais como a criminalidade dentro das aldeias.14

O conflito se intensificou recentemente com a permissão concedida à Vale para construir a segunda linha da ferrovia (duplicação da EFC). Líderes indígenas resistem a essa expansão, sustentando que a Terra Indígena é inegociável, conforme a Constituição, e brigam na Justiça para garantir que a área utilizada pela ferrovia seja reintegrada ao seu território.14

 

C. A Exigência da Avaliação Ambiental Integrada (AAI)

 

Diante dos impactos acumulados e da magnitude dos projetos, órgãos de defesa de direitos humanos e ambientais exigem que o governo suspenda imediatamente as obras e o licenciamento do S11D e de seus projetos associados até que uma Avaliação Ambiental Integrada (AAI) seja realizada.8

A AAI é fundamental para sistematizar e dimensionar os impactos sinérgicos, cumulativos e indiretos gerados por toda a cadeia produtiva — desde as minas em Carajás até os pontos finais de escoamento. Tal avaliação deve contemplar a expansão das minas na Floresta Nacional de Carajás, o ramal ferroviário, a duplicação da EFC e a expansão do Terminal Portuário da Ponta da Madeira, a fim de garantir que as medidas de mitigação sejam eficientes e independentes.8

 

VIII. Conclusões e Recomendações Estratégicas

 

A. Síntese do Legado e os Desafios Estruturais

 

A Serra dos Carajás cimentou a posição do Pará como potência mineral (responsável por 55.3% da CFEM nacional) 6 e exportadora de minério de ferro de altíssima pureza (66% Fe).5 Contudo, o modelo de desenvolvimento adotado criou uma estrutura econômica de

enclave em Parauapebas, onde o crescimento do PIB de 1.220% 16 convive com uma extrema dependência da demanda internacional e uma frágil estrutura de serviços públicos.

A volatilidade fiscal, evidenciada pela projeção de queda de 32% na arrecadação da CFEM para 2025 9, confirma a fragilidade intrínseca desse modelo. A riqueza mineral, que deveria ser um catalisador para a diversificação, está sendo canalizada para reforçar a própria cadeia extrativista, perpetuando o ciclo do “desenvolvimento truncado.”

 

B. Recomendações para a Sustentabilidade Fiscal e Econômica

 

  1. Criação de Fundos Anticíclicos: É imperativo que os municípios mineradores, como Parauapebas, estabeleçam fundos de riqueza soberana ou mecanismos anticíclicos. Esses fundos devem ser capitalizados em anos de alta do preço do minério para proteger as receitas municipais de oscilações bruscas, mitigando a instabilidade fiscal observada em 2025.9
  2. Revisão da Alocação da CFEM: Deve haver uma revisão rigorosa na aplicação da CFEM, garantindo que os recursos sejam destinados prioritariamente à construção de capital humano e infraestrutura social (Saúde, Educação, Saneamento), em vez de financiar despesas setoriais que apenas suportam o status quo da mineração.16

 

C. Recomendações para a Governança Territorial e Ambiental

 

  1. Priorização da Avaliação Ambiental Integrada (AAI): O governo deve acatar a recomendação de suspender o avanço total do Novo Carajás/S11D até que a AAI seja concluída. A aceleração do licenciamento 9 não pode prevalecer sobre a necessidade de entender e mitigar os impactos cumulativos sobre o meio ambiente e as populações, desde a mina até o Terminal da Ponta da Madeira.8
  2. Respeito aos Direitos Indígenas e Mitigação Logística: É crucial resolver o conflito com o povo Gavião na Terra Indígena Mãe Maria. O direito territorial (garantido pela Constituição) deve ser respeitado, exigindo que as soluções logísticas para a duplicação da EFC garantam o modo de vida tradicional e mitiguem os danos históricos e atuais causados pela ferrovia.14 A questão não é apenas indenizatória, mas de soberania territorial e sobrevivência cultural.

Referências citadas

  1. Vale lança série sobre os 50 anos da descoberta de Carajás, acessado em setembro 27, 2025, https://vale.com/documents/44618/2699492/Sala_de_Imprensa_-_Mineracao_-_Vale_lan%C3%A7a_s%C3%A9rie_sobre_os_50_anos_da_descoberta_de_Caraj%C3%A1s_ID%3D2013.pdf/6f68a1bc-e29f-d64a-3ba8-e68da310aa14?version=1.0&t=1672688589001&download=true
  2. VALE 40 ANOS AMAZÔNIA | Carajás – riqueza concentrada e …, acessado em setembro 27, 2025, https://www.brasilmineral.com.br/noticias/carajas-riqueza-concentrada-e-desenvolvimento-truncado
  3. Ferro-Carajas, acessado em setembro 27, 2025, https://periodicos.fgv.br/rce/article/download/73798/70874
  4. 6 de dezembro de 1984 — CARAJÁS CORRE PARA INICIAR A PRODUÇÃO – Almanaque da Folha, acessado em setembro 27, 2025, http://almanaque.folha.uol.com.br/dinheiro_06dez1984.htm
  5. Vale aposta em novo minério de teor médio para manter competitividade na China, acessado em setembro 27, 2025, https://revistaamazonia.com.br/vale-novo-minerio-teor-medio-china/
  6. FERRO 1. OFERTA MUNDIAL – Portal Gov.br, acessado em setembro 27, 2025, https://www.gov.br/anm/pt-br/assuntos/economia-mineral/publicacoes/sumario-mineral/sumario-mineral-brasileiro-2021-/ano-base-2020-ferro.pdf
  7. Projeto Ferro Carajás S11D – Wikipédia, a enciclopédia livre, acessado em setembro 27, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_Ferro_Caraj%C3%A1s_S11D
  8. O Projeto Ferro Carajás S11D, da Vale SA – Plataforma Dhesca, acessado em setembro 27, 2025, https://www.plataformadh.org.br/wp-content/uploads/2019/08/2013_meio_ambiente_mineracao_resumo.pdf
  9. Análise e projeções consolidadas da arrecadação da CFEM em …, acessado em setembro 27, 2025, https://parauapebas.pa.gov.br/destaque/analise-e-projecoes-consolidadas-da-arrecadacao-da-cfem-em-parauapebas-2024-2025/
  10. Estrada de Ferro Carajás – Wikipédia, a enciclopédia livre, acessado em setembro 27, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Caraj%C3%A1s
  11. Estrada de Ferro Carajás – EFC – PPI, acessado em setembro 27, 2025, https://ppi.gov.br/projetos/estrada-de-ferro-carajas-efc/
  12. Logística – Vale, acessado em setembro 27, 2025, https://vale.com/pt/logistica
  13. Estrada de Ferro Carajás (EFC) – VLI, acessado em setembro 27, 2025, https://www.vli-logistica.com.br/ativos-mapa/estrada-de-ferro-carajas-efc/
  14. Divididos pela mineração: nova ferrovia da Vale provoca discórdia em povo indígena da Amazônia – Mongabay, acessado em setembro 27, 2025, https://brasil.mongabay.com/2023/09/divididos-pela-mineracao-nova-ferrovia-da-vale-provoca-discordia-em-povo-indigena-da-amazonia/
  15. Explosão de CFEM em 2025: Parauapebas, Canaã e Marabá arrecadam quase meio bilhão no primeiro trimestre – CKS Online, acessado em setembro 27, 2025, https://cksonline.com.br/explosao-de-cfem-em-2025-parauapebas-canaa-e-maraba-arrecadam-quase-meio-bilhao-no-primeiro-trimestre/
  16. Renda mineral e sua apropriação: uma análise da despesa orçamentária vinculado a CFEM no município de Parauapebas (PA) – ANPUR, acessado em setembro 27, 2025, http://anpur.org.br/wp-content/uploads/2023/05/st02-60.pdf

INFLUÊNCIA DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS (CFEM) NO MUNICÍPIO MINERADOR: UMA ANÁLISE DOS – IBRAM, acessado em setembro 27, 2025, https://ibram.org.br/wp-content/uploads/2021/04/T-48-Fernanda-da-Fonseca-Diniz.pdf

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