Belém do Pará: Uma breve Viagem pela História e Tradição da “Cidade das Mangueiras”

Belém, capital do estado do Pará, é uma cidade vibrante e rica em história, cultura e tradições que atravessam os séculos. Fundada durante o período colonial português, a cidade cresceu como um importante entreposto comercial e tornou-se um símbolo da Amazônia brasileira. Seu passado é marcado pela fundação, o esplendor do ciclo da borracha e o emblemático Mercado do Ver-o-Peso, uma representação viva de sua riqueza cultural e econômica. Vamos embarcar nessa jornada pela história de Belém do Pará.

Fundação de Belém: O Início de Tudo

A cidade de Belém foi fundada em 12 de janeiro de 1616 pelos portugueses, quando o capitão Francisco Caldeira Castelo Branco chegou à região com ordens de garantir a ocupação portuguesa na Amazônia, diante do interesse de potências estrangeiras como franceses, ingleses e holandeses. Ele estabeleceu o Forte do Presépio, hoje conhecido como Forte do Castelo, às margens da baía do Guajará. Esse ponto estratégico serviu como núcleo inicial da cidade e base para a defesa da colônia.

Belém recebeu inicialmente o nome de “Feliz Lusitânia”, mas foi posteriormente renomeada para Santa Maria de Belém do Grão Pará, em homenagem ao local de nascimento de Jesus Cristo. Desde seus primeiros anos, a cidade foi um entreposto comercial crucial, conectando a Europa com a vasta riqueza natural da Amazônia.

A Expansão Econômica e a Influência da Igreja

Nos séculos XVII e XVIII, a cidade cresceu com a exploração das riquezas florestais da Amazônia, como madeiras nobres, especiarias e produtos extrativistas como cacau e peixe-boi. A Igreja Católica teve papel fundamental nesse período, com a construção de templos que permanecem até hoje como parte do patrimônio arquitetônico, como a Catedral Metropolitana de Belém e a Igreja de Santo Alexandre.

A cultura religiosa também é marcada pela Festa do Círio de Nazaré, que teve início no século XVIII e tornou-se uma das maiores manifestações de fé do mundo, reunindo milhões de fiéis todos os anos em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

O Ciclo da Borracha: A Era do Ouro Negro

O auge econômico de Belém ocorreu no final do século XIX e início do XX, durante o Ciclo da Borracha. A extração e exportação do látex, utilizado para a fabricação de borracha, transformaram a cidade em um dos centros urbanos mais importantes do Brasil. O período trouxe grande riqueza e permitiu a modernização de Belém.

Os barões da borracha, enriquecidos com a demanda internacional, investiram na construção de palacetes e edifícios suntuosos inspirados na arquitetura europeia, trazendo o estilo art nouveau e neoclássico para a cidade. Exemplos dessa época incluem o Theatro da Paz, inaugurado em 1878, um dos maiores símbolos da Belle Époque na Amazônia, e o Palácio Lauro Sodré, antiga sede do governo estadual.

Durante essa fase, Belém foi considerada uma das cidades mais modernas do Brasil, com bondes elétricos, iluminação pública e intensa vida cultural. No entanto, com a queda dos preços do látex no mercado internacional, a economia entrou em declínio, levando a cidade a buscar novas vocações econômicas.

Ver-o-Peso: O Coração de Belém

Um dos ícones mais importantes de Belém é o Mercado Ver-o-Peso, localizado às margens da baía do Guajará. Inaugurado em 1901, o mercado é considerado a maior feira a céu aberto da América Latina e um dos símbolos da cultura paraense. Seu nome vem da expressão “ver o peso”, em referência à fiscalização do peso das mercadorias trazidas pelos navios no período colonial.

O Ver-o-Peso é muito mais que um simples mercado: é um patrimônio cultural, onde tradições indígenas, africanas e europeias se encontram. Lá, é possível encontrar uma variedade única de produtos típicos da Amazônia, como:

  • Ervas medicinais e aromáticas (usadas na medicina tradicional);
  • Frutas amazônicas como o açaí, cupuaçu, bacuri e taperebá;
  • Peixes frescos, como o filhote, tambaqui e pirarucu;
  • Artesanato regional e amuletos de proteção.

Além disso, o mercado é ponto de encontro para a gastronomia paraense, famosa por pratos como o tacacá, o pato no tucupi, a maniçoba e as deliciosas sobremesas feitas com frutas nativas.

Belém Moderna: Cultura, Patrimônio e Riqueza Natural

Atualmente, Belém é uma cidade dinâmica e plural, que mantém suas tradições vivas enquanto abraça a modernidade. O centro histórico da cidade, com suas igrejas centenárias, praças arborizadas e casarões, é preservado como um importante patrimônio nacional.

Além do Ver-o-Peso, outros locais históricos merecem destaque, como o Mangal das Garças, um parque ecológico que une natureza e urbanidade, e o Complexo Feliz Lusitânia, que abriga o Forte do Castelo, o Museu de Arte Sacra e a Casa das Onze Janelas.

A cidade também é porta de entrada para a Amazônia, funcionando como base para ecoturismo e viagens para os rios, florestas e ilhas próximas, como Marajó e Mosqueiro.

Conclusão: Belém, Berço da Amazônia

A história de Belém é a história da Amazônia em sua essência: marcada pela ocupação colonial, pela riqueza natural, pela pujança do ciclo da borracha e pela resistência cultural de seu povo. O Ver-o-Peso, como símbolo dessa trajetória, representa a força da tradição e a capacidade de reinvenção da cidade.

Hoje, Belém continua encantando moradores e visitantes com sua cultura vibrante, gastronomia única e hospitalidade calorosa. É um lugar onde o passado e o presente se encontram à sombra das majestosas mangueiras, que deram à cidade o carinhoso apelido de “Cidade das Mangueiras”.

Imagens do Acervo Antônio Sales

Imagens coloridas com Inteligência Artificial

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